Já estamos há 2 anos da Copa e
não temos nem um terço das obras prontas.
Obviamente todas elas já foram superestimadas e muito dinheiro ainda
será desviado. Os bolsos de poucos ficarão bem cheios enquanto a maioria do
povo brasileiro, ufanista, ficará apenas achando o quão bom é termos uma Copa
por aqui e é bem capaz de não enxergarem a piada de mal gosto que será.
Reproduzo aqui um texto de
Outubro de 2011 do jornalista Guilherme Fiuza. Embora não tenhamos mais o (imbecil)
Orlando Silva ocupando o cargo de Ministro dos Esportes, o texto é bom para
refletirmos como a político Pão e Circo impera na República das Bananas.
2014, a Copa do governo bêbado
Dilma
foi à Fifa e acabou
com as dúvidas sobre a Copa do Mundo: chova ou faça sol, está garantida ao
Brasil uma boa ressaca em 2014.
Essa perspectiva segura foi muito bem recebida pelos brasileiros, um povo cordial que jamais renuncia à alegria e ao oba-oba, mesmo quando está sendo assaltado.
A preparação do país para a Copa vai muito bem, obrigado. As obras faraônicas para os estádios seguem as regras mais estritas das negociatas, devidamente avalizadas pelo dinheiro do contribuinte.
A grande novidade é que o torcedor brazuca, ao entrar no Maracanã ou no Itaquerão, vai poder encher a cara e esquecer os quase 2 bilhões de reais que esses novos templos da esperteza lhe custaram.
Foi mesmo providencial o anúncio do ministro dos Esportes, Orlando Silva, sobre a revogação da Lei Seca nos estádios brasileiros durante a Copa. Ninguém suportaria assistir careta a tanto gol contra.
Tome mais uma dose e alcance a lógica do ministro:
A proibição de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol, determinadas pelo Estatuto do Torcedor contra a epidemia de violência nas arquibancadas e nas ruas, pode ser suspensa porque "a Copa é especial".
Orlando Silva explicou que essa regra de civilidade e segurança, há anos em vigor no Brasil, pode ser revista por causa dos "compromissos da FIFA com os patrocinadores".
O ministro tem razão. O direito brasileiro termina onde começa o faturamento da FIFA. Esse papo de soberania nacional soa bem em época de eleição - mas em época de Copa do Mundo não tem nada a ver. A Copa é especial.
Os que acham absurdo sujeitar as leis do país a uma marca de cerveja estão reclamando de barriga cheia. Se a patrocinadora da FIFA fosse a Taurus, o ministro Orlando Silva também examinaria "com cuidado e naturalidade" a entrada de torcedores armados nos estádios.
E que não venham os estudantes protestar contra o roubo de seu direito à meia entrada na Copa. O governo brasileiro pode ser frouxo, mas felizmente também é incompetente: na falta de um sistema de transporte decente, decretará feriado nos dias dos jogos.
Os estudantes não tem o que reclamar.
Dilma e Orlando Silva poderiam estar matando, poderiam estar roubando, mas estão só rasgando as leis. Viva o governo ébrio.